Silvio Mendes afirma que Hospital São Marcos obteve mais de R$ 30 milhões irregularmente

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Prefeitura de Teresina nega rees e acusa hospital de rees irregulares; unidade enfrenta crise financeira com dívida superior a R$ 56 milhões.

O Hospital São Marcos, referência no tratamento de câncer no Piauí, enfrenta uma crise financeira sem precedentes e corre o risco de interromper atendimentos oncológicos por falta de recursos.

A unidade acumula uma dívida superior a R$ 56 milhões, valor que, segundo a Fundação Municipal de Saúde (FMS), decorre de empréstimos bancários contratados pela própria instituição e da ausência de compensações financeiras previstas nos rees federais.

Prefeito Silvio Mendes – Foto: Lucas Dias

De acordo com relatório interno da FMS, entre 2016 e 2024 o hospital contratou linhas de crédito com instituições financeiras, tendo o Fundo Nacional de Saúde (FNS) como fonte garantidora. Durante esse período, o FNS descontou diretamente R$ 64,4 milhões dos rees federais.

No entanto, a Fundação Municipal de Saúde descontou apenas R$ 19,3 milhões, gerando um saldo de R$ 45 milhões reado indevidamente ao hospital, conforme o documento.

O prefeito Silvio Mendes afirmou que o Hospital São Marcos “recebeu cerca de R$ 30 milhões que não lhe pertenciam” devido à ausência de descontos obrigatórios relacionados aos empréstimos. “Durante o tempo que nós estivemos, nós fomos avalistas desse empréstimo. Por questão de desorganização da fundação, ela deixou de fazer o desconto desses empréstimos e ou o dinheiro todo pro hospital. O hospital, mesmo sabendo que aquele dinheiro deveria ter sido feito desconto, recebeu o dinheiro”, declarou.

O prefeito ainda criticou o atendimento diferenciado oferecido pelo hospital aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Por que o SUS, por exemplo, os pacientes do SUS entram por uma porta diferente e os outros pacientes por outra? Os pacientes do SUS são menos do que os outros?”, questionou, cobrando uma nova auditoria para apurar possíveis irregularidades.

Hospital São Marcos, referência no tratamento de câncer no Piauí, enfrenta uma crise financeira – Reprodução/Hospital São Marcos

A gestão municipal ajuizou uma ação civil pública solicitando que a Justiça impeça o fechamento da unidade. “Isso foi crescendo muito tempo e chegou a mais de 30 milhões de reais que ele recebeu indevidamente. Foi feito com o acordo da justiça, o hospital está devendo mais de 30 milhões, ainda quer mais dinheiro da prefeitura? Paciência”, declarou o gestor.

Em nota oficial, o Hospital São Marcos lamentou a situação e responsabilizou a Prefeitura pelos atrasos financeiros. Segundo a istração da unidade, há um acúmulo de 19 meses de rees contratuais não pagos. “Trata-se de uma questão de saúde pública e de preservação da vida. O Hospital São Marcos segue pronto para continuar atendendo, mas precisa de condições mínimas para isso”, disse o diretor técnico da instituição, Dr. Marcelo Martins, em entrevista à TV local.

A nota destaca que, apenas em 2025, o hospital realizou mais de 18 mil consultas oncológicas, 11 mil sessões de quimioterapia, 850 cirurgias de alta complexidade e cerca de 700 internações de pacientes com câncer, entre adultos e crianças. Entretanto, com o desabastecimento de medicamentos, mais de mil pacientes estão com o tratamento interrompido ou em atraso.

A istração do hospital também contestou as declarações da FMS e do prefeito Silvio Mendes. Segundo a instituição, o montante de R$ 19 milhões reado em 2025 corresponde apenas a verbas do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, readas via FMS, e não representa recursos próprios da Prefeitura. Ainda conforme a nota, os valores recebidos não cobrem os custos operacionais dos atendimentos realizados.

O presidente da FMS, Charles Silveira, afirmou recentemente que “não existem atrasos nos pagamentos da pasta junto ao hospital”, o que foi refutado pela direção da unidade, que considera os débitos inissíveis diante do volume de atendimentos prestados e da gravidade dos casos tratados.

Diante do ime, o Hospital São Marcos protocolou um pedido junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitando o bloqueio de R$ 9,1 milhões das contas da FMS. Esse valor corresponde a 14 parcelas em atraso da complementação de tabela do SUS, acordadas judicialmente em 2023. A FMS, por sua vez, alega restrições orçamentárias que impediram o cumprimento dos termos judiciais.

Gleison Fernandes
Gleison Fernandes
Editor Chefe do Portal Cidade Luz

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