Irmãs cientistas brasileiras entram para lista mundial de 100 crianças-prodígio

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Beatriz, 15, e Isabella, 14, foram reconhecidas na categoria Educação. Elas integram a Academia Brasileira de Jovens Cientistas desde 2022 e nas redes sociais são a ‘Dupla Big Bang’.

O interesse pela ciência e astronomia começou como curiosidade e se transformou em uma busca constante por aprendizado para as irmãs Beatriz e Isabella Toassa, de 15 e 14 anos, moradoras de Barueri, na Grande São Paulo.

As duas encontraram na ciência uma paixão e, como resultado, conquistaram uma série de prêmios, entre eles internacionais. Desde 2022, são membros juniores da Academia Brasileira de Jovens Cientistas e acumulam milhares de visualizações no perfil “Dupla Big Bang”, onde divulgam experimentos e explicações científicas nas redes sociais.

Beatriz e Isabella foram reconhecidas no prêmio Global de Crianças Prodígio na categoria Educação — Foto: Arquivo Pessoal

E foi justamente por levarem a ciência por meio dos conteúdos publicados que as duas foram incluídas, em maio deste ano, no ranking das 100 crianças mais prodigiosas do mundo no prêmio “Global Child Prodigy Awards” (Prêmio Global de Crianças Prodígio), na categoria Educação.

Outros cinco jovens brasileiros também foram reconhecidos nas categorias Inteligência e Memória, Ciências Espaciais e Astronomia, Arte e Atuação e Teatro. São eles:

Caio Temponi (categoria: Inteligência e memória QI)
Nicole Semiā (categoria: Ciências Espaciais e Astronomia)
João Pedro Araújo (categoria: Inteligência e memória QI)
Pedro Gui Fortes (categoria: Arte)
Marianna Santos (categoria: Atuação e Teatro)

A gente está muito feliz, e eu acho que um conselho muito importante para quem, um dia, sonha em chegar a essa lista é ter foco e disciplina. Se você não tiver foco e disciplina não chega nem no básico. Também considero muito importante o apoio das pessoas próximas, como professores, pais e amigos, porque, sem apoio, fica muito difícil manter o ritmo.
Conforme a organização do prêmio, os 100 nomes são escolhidos após o comitê de seleção avaliar as inscrições dos participantes em ao menos 23 categorias.

Entre os requisitos para a eligibilidade do participante estão: ter menos de 15 anos no momento, possuir no mínimo 3 meses de experiência ou participação na área de talento escolhida e ser cidadão de um país reconhecido pelas Nações Unidas.

Neste ano, a entrega será no dia 26 de junho no Parlamento Britânico, em Londres. As histórias dos jovens escolhidos serão apresentadas no Livro Anual Global Criança Prodígio, que circula mundialmente todos os anos.

“Já chorei tanto. Sério. Elas ficam brincando comigo: ‘Mãe, sério? De novo você vai chorar?’ E eu choro todas as vezes. É um orgulho mesmo”, afirmou a mãe, Stefanie Camasmie Toassa, ao g1.

A busca pelo aprendizado

Stefanie conta que tudo começou quando as filhas aram a ter curiosidade ainda pequenas sobre entender tudo, até mesmo a montagem de um brinquedo.

“Elas sempre foram muito curiosas. Eram aquelas crianças que abriam os presentes que ganhavam e desmontavam eles para ver o que tinha dentro. E a gente incentivava, claro que com supervisão, essa curiosidade”.

"A grande virada da educação delas foi justamente não só concordar, mas incentivar essa curiosidade, esse interesse de sempre querer saber mais. E aí, desde pequenininhas, elas eram assim, curiosas e animadas", relembrou.
Beatriz e Isabella Toassa — Foto: Arquivo Pessoal
Beatriz e Isabella Toassa — Foto: Arquivo Pessoal

Stefanie ressalta que a busca pelo aprendizado ou a fazer parte da rotina das meninas quando participaram da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) na escola.

“Quando elas estavam com 6 e 7 anos, começaram a participar de aulas específicas para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e fizeram a prova. Elas não ganharam medalha e ficaram super chateadas. Mas começaram a me perguntar como que elas poderiam fazer para conseguir”.

“A gente começou a montar estratégias e amos a estudar astronomia brincando. Foi aí que surgiu, eu acho, o interesse delas por ciência efetivamente. Veio a primeira medalha e elas começaram a se interessar muito mais porque se sentiram recompensadas”, explicou a mãe.

Premiações

As duas primeiras medalhas na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica foram só o começo. Elas também conquistaram medalhas na Olimpíada Brasileira de Robótica, Olimpíada Nacional de Ciências e Olimpíada Brasileira de Satélites entre 2020 e 2023.

Além disso, entre os reconhecimentos e conquistas das duas irmãs, até então, estão:

  • Nomeação como membros juniores da Academia Brasileira de Jovens Cientistas em 2022, tornando-as as cientistas mais jovens do Brasil;
  • Criadoras do projeto voluntário “Tem Ciência Aqui!”, que leva oficinas de ciência a comunidades periféricas (2022);
  • Vencedoras do Prêmio Internacional ISKA – International Star Kids Awards, que reconhece talentos infantis ao redor do mundo (2023);
  • Vencedoras do Prêmio “Mude o Mundo como uma Menina”, por sua atuação transformadora na educação (2023);
  • Nomeadas “Embaixadoras Mirins” do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), título concedido pelo Presidente da República e pela Ministra de Estado em 2024;
  • Reconhecidas como duas das jovens cientistas mais promissoras do país em 2024 pela revista Forbes Brasil;
  • Embaixadoras da Tron Robótica Educativa, empresa com viés social voltada à popularização da ciência e da robótica. Foram nomeadas pelos sócios Whindersson Nunes e Gildário Lima em 2024.
Beatriz e Isabella Toassa — Foto: Arquivo Pessoal

Perfil com milhões de visualizações

O perfil “Dupla Big Bang”, istrado por Beatriz e Isabella e supervisionado pela mãe, já acumula mais de 200 mil seguidores e milhares de visualizações no Instagram, TikTok e YouTube. Um dos vídeos mais vistos, por exemplo, tem 6 milhões de visualizações.

As pequenas cientistas costumam publicar curiosidades e experimentos científicos. A ideia surgiu depois que as duas se interessaram por vídeos que apresentavam ciência de forma prática durante a pandemia de Covid-19.

“Durante a pandemia começaram a ver mais canais com conteúdos mais inteligentes, como o Manual do Mundo, canais de ciência prática. E aí elas me falaram que queriam fazer um canal e que tinham muito sonho de ir para a Nasa”, conta a mãe.

Ela disse, então, que, se elas queriam fazer um canal, teria que ser com conteúdo interessante, que não fosse bobeira. “Aí falei assim: ‘Vocês gostam tanto de astronomia, a gente sempre estuda astronomia, o que vocês acham de astronomia?’. E aí surgiu daí a Dupla Big Bang. Big Bang por conta da teoria do universo e Dupla porque elas são irmãs”, afirma Stefanie.

Beatriz e Isabella Toassa — Foto: Arquivo Pessoal

Beatriz e Isabella Toassa — Foto: Arquivo Pessoal

Beatriz e Isabella ressaltam que o principal objetivo do perfil é mostrar que a ciência é leve e pode ser divertida. “A gente mostra isso no nosso canal, através dos experimentos, para as pessoas não acharem que a ciência é aquela coisa chata ou entediante de só ficar lendo livro”.

“Quando a gente ensina os outros, a gente percebe que nós mesmos estamos aprendendo. Quando a gente começou, a gente nunca imaginou que chegaria onde a gente está hoje. A gente nunca imaginou que ia conseguir alcançar tantas crianças e conseguir tantas oportunidades”, diz.

Para ambas, um dos experimentos preferidos feitos para o perfil foi a pasta de elefante de 10 litros.

“A gente ficou a tarde toda em uma chácara fazendo e foi muito legal. A gente montou todo um projeto com madeira, que a gente puxava uma cordinha e a madeira virava e derrubava o balde que estava com o pó para fazer a explosão”, contam.

Pasta de elefante é um experimento de química que resulta em uma grande quantidade de espuma, parecida com pasta de dente, quando a água oxigenada reage com um catalisador. O processo envolve a decomposição rápida da água oxigenada, que libera gás oxigênio. Este, ao se misturar com detergente, forma a espuma.

Beatriz Toassa, de 15 anos, e Isabella Toassa, 14 anos — Foto: Arquivo Pessoal

Beatriz Toassa, de 15 anos, e Isabella Toassa, 14 anos — Foto: Arquivo Pessoal

Rotina de estudos

A mãe ressalta que as filhas conseguem separar muito bem o tempo para os estudos, projetos e gravações.

“Elas têm aulas regulares de manhã. Às segundas e quartas. fazem aulas de inglês no período da tarde e acompanhamento psicológico. Já às terças e quintas a Bia, que está no ensino médio, faz horário estendido e sai da escola 17h. A Bella estuda as matérias do dia, roteiriza e edita vídeos para o canal. Já às sextas-feiras, elas fazem aula de esporte no contraturno e a Bia grava e roteiriza videos para o canal”, diz.

No fim de semana, um dos dias é usado para as gravações, eventos e atividades que elas precisam participar e o outro, para descanso. “Em época de provas e olimpíadas elas estudam, mas regularmente descansam e gravam”, explica Stefanie.

Futuro

As irmãs começam no segundo semestre um clube de ciência em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos (Girls and Science). Elas ministrarão aulas e palestras para cerca de 100 crianças de forma online, e toda semana, para levar experimentos e projetos de aplicabilidade da ciência na prática.

E as duas não querem parar por aí. Beatriz quer continuar estudando para se tornar médica, e Isabella, engenheira ou arquiteta. "Vamos seguindo e aprendendo ainda mais".
Leonidas Amorim
Leonidas Amorim
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